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ALGORAB corvus e a Filosofia da composição

Atualizado: 31 de jan.

ou: a minha filosofia para a composição da página Algorab Corvus


Astrocartografia das constelações Noctua, Corvus, Crater, Sextans Uraniae, Hydra, Lupus, Centaurus, Antlia Pneumatica e Pyxis Nautica
Urania's Mirror, Plate 32. Desenho de Richard Rouse Bloxam e Gravura de Sidney Hall. 1825. Domínio público.

"Profeta!" - exclamo. "Ó ser do mal! [Profeta sempre, ave infernal! Pelo alto céu, por esse Deus, que adoram todos os mortais, fala se esta alma, sob o guante atroz [da dor, no Éden distante verá a deusa fulgurante a quem, nos [céus, chamam Lenora - essa, mais bela do que a aurora, a [quem, nos céus, chamam Lenora! " E o Corvo disse: "Nunca mais!".

No dia 4 de março de 2019 leram meu mapa astral pela primeira vez. Ainda tive a sorte de ser pessoalmente, com a Mariana do Luzeira Astrologia, pouquíssimos dias antes do lockdown. Nesta data soube do meu corvo pela primeira vez.


Era segunda-feira, dia da Lua, quando descobri que minha Lua ativa uma estrela binária no céu. A estrela é a do Corvo, de natureza de Saturno e de Marte, estrela da agourenta ave apolínea. A estrela é Algorab, da constelação Corvus.


Na época eu engatinhava — não que eu ande muito bem das pernas agora — na caminhada dos oráculos, então minha leitura foi para explicar como se funciona um mapa natal e o que diziam aqueles aspectos.


Mariana me disse algo sobre histórias creepy também terem seu lugar no mundo, e que seria papel do corvo trazê-las. A ave acabou se tornando logo do meu Estúdio São Jerônimo e do meu Algorab corvus.


Eu já havia chegado à ideia de um Corvo, a ave do mau agouro, repetindo monotonamente a expressão "Nunca mais", na conclusão de cada estância de um poema de tom melancólico e extensão de cerca de cem linhas. Então, jamais perdendo de vista o objetivo - o superlativo ou a perfeição em todos os pontos -, perguntei-me: "De todos os temas melancólicos, qual, segundo a compreensão universal da humanidade, é o mais melancólico?" A Morte - foi a resposta evidente. "E quando", insisti, "esse mais melancólico dos temas se torna o mais poético?" Pelo que já explanei, um tanto prolongadamente, a resposta também aí era evidente: "Quando ele se alia, mais de perto, à Beleza; a morte, pois, de uma bela mulher é, inquestionavelmente, o tema mais poético do mundo e, igualmente, a boca mais capaz de desenvolver tal tema é a de um amante despojado de seu amor"

Filosofia da composição, Poe


Pesquiso Algorab desde então, seja em posts astrológicos no instagram, ou no famoso Constellation of words. Deixo abaixo tradução livre de trechos que indicam o que seria o papel de Algorab, as mitologias por trás de Corvus, e uma referência bibliográfica para quem quiser se aprofundar no estudo das estrelas fixas. Se algum estudioso quiser corrigir ou acrescentar algo, estou sempre disposta a aprender mais sobre as estrelas. Comente ou mande e-mail para algorabcorvus@gmail.com.


Corvus


Fundo laranja, com 5 estrelas da constelação Corvus evidenciadas em preto e chumbo. As sombras claras representam estrelas de outras constelações.
As cinco principais (não únicas) estrelas da constelação Corvus. Algorab é a binária mais alta.

Apolo deu um banquete para Zeus e, exigindo água, enviou o Corvo com uma taça (constelação Crater) para buscar o líquido. Em seu caminho, o Corvo se deparou com uma figueira e, descansando nela até os figos amadurecerem, se banqueteou com eles, até se lembrar de sua tarefa; temendo a ira de Apolo, ele pegou uma cobra aquática (constelação Hydra) e, em seu retorno, deu a desculpa de que Hydra o impediu de encher o copo por empatar o fluxo da fonte d’água, sendo essa a causa de seu atraso. O deus da profecia não caiu na mentira e ordenou, em punição, que o Corvo não deveria beber enquanto os figos não amadurecessem. Apolo pôs o corvo (constelação Corvus), a taça (Crater) e a cobra (Hydra) nos céus como um memorial, onde a cobra d’água protege a água do corvo eternamente sedento. Corvus agora pousa diante da taça d’água, mas jamais pode bebê-la.


Olha só aquele clube que da hora Olha o pretinho vendo tudo do lado de fora Nem se lembra do dinheiro que tem que levar Do seu pai bem louco gritando dentro do bar Nem se lembra de ontem, de hoje e o futuro Ele apenas sonha através do muro

Fim de semana no parque, Racionais MCs


A respeito desse mito, já disse Bing Quock, Diretor-Assistente do Planetário Morrison da Academia de Ciências da Califórnia: Moral of the story: get your own water, Apollo! (Moral da história: vá você buscar sua água, Apolo!). Sou da mesma opinião.


Deus Apolo sentado segurando a Lira com a mão esquerda e derramando a libação de um recipiente com a mão direita. O corvo pousa num poleiro em frente ao Deus.
Apolo com sua lira sentado em frente ao corvo. ca 470 a.C.

Outro mito nos diz que Corvus, o corvo, recebeu de Apolo uma tarefa para ficar de olho em sua amante Coronis, que estava grávida. O corvo reportou para Apolo as más notícias de que ela o traía com outro. Irado, Apolo amaldiçoou o corvo, e sua cor mudou do então tom prateado para o preto que conhecemos. Coronis foi morta por Ártemis, irmã de Apolo, e a criança não nascida do casal foi resgatada por meio de uma cesariana; era Esculápio/Asclépio, deus da cura e da medicina que foi criado por Quíron.


Diversas estrelas compõem a constelação Corvus, sendo cinco as principais:

  1. Alchita (Alfa) 12°32’ Mag: 4.0

  2. Kraz (Beta) 17°40’ Mag: 2.64

  3. Gienah Corvi (Gamma) 11°01’ Mag: 2.58

  4. Algorab (Delta) 13°45 Mag: 2.94

  5. Minkar (Epsilon) 11°58’ Mag: 2.98

Para os babilônios, Corvus era Mul Uga Mushen, um corvo celestial associado com Adad, o deus da chuva e tempestades, e sua ascensão heliacal — a primeira aparição do corvo — prenunciava a chegada das chuvas de outono.

— Bing Quock


Influências astrológicas da constelação Corvus


Robson: De acordo com Ptolomeu, Corvus é como Marte e Saturno. É dito que dá astúcia, ganância, ingenuidade, paciência, vingança, paixão, egoísmo, mentira, agressividade, instintos materialistas e às vezes faz com que seus nativos se tornem agitadores.


Algorab


Delta (δ) Corvus é uma estrela dupla (Delta Corvi A e Delta Corvi B), de magnitude 3.1 e 8.5, amarelo claro e roxo, na asa direita do corvo. Seu nome Algorab deriva do árabe الغراب al-ghuraab, que significa "o corvo".


Delta Corvi A possui 2,5 vezes a massa do Sol, enquanto Delta Corvi B possui 0,75 vezes a massa de nossa estrela, sendo considerada uma anã laranja. A distância mínima entre as duas é de 650UA (cerca de 650 vezes a distância entre Sol e Terra).